segunda-feira, 21 de abril de 2014

O Reflexo que não sabia falar.

- Quem é você?
...
Silêncio 
Silêncio
...
uma respiração profunda
silêncio ...
Apagou a luz, parou de se olhar no espelho e voltou pra cama, sem resposta, sem escolha, sem nada, apenas silêncio, apenas vazio.
Silêncio.


...

domingo, 20 de abril de 2014

Sou apenas humano

Para uma melhor leitura recomendo que esteja ouvindo essa musica :
https://www.youtube.com/watch?v=r5yaoMjaAmE




E a lança penetrou minha pele,  e eu pude sentir cada pêlo do meu corpo se arrepiando com a dor que aquela lança pontiaguda me causou adentrando minha pele, ultrapassando minha carne, perfurando meu coração, minhas lágrimas se transformaram em sangue e já não mais caiam dos meus olhos, a dor era tamanha que meus olhos não conseguiam chorar. Meus joelhos se dobraram e encostaram o chão frio daquele quarto escuro. Eu ali, ajoelhado no frio chão, com as mãos naquela lança perpassada em meu peito e o sangue escorrendo em meu corpo.
Minhas mãos não conseguiam soltar, Eu não conseguia soltar aquela lança, eu não conseguia tira-la, para talvez, quem sabe, conseguir cessar com aquela dor que estava me destruindo.
Alguns anos se passaram e eu ainda não tinha conseguido tirar aquela lança do meu peito.
Por vezes algumas pessoas passavam por mim, me distraíam e eu não sentia por alguns momentos, dor, por vezes a esquecia, mas por vezes algumas pessoas seguravam minha mão, segurando a lança,e afundavam a ainda mais. E meu coração ainda batia, ainda sangrava, e meus joelhos ainda sentiam o chão frio,e  minhas mãos ainda seguravam a lança.
Por vezes eu tentava levantar, cansado de sentir o frio do chão e com as pernas bambas tremendo eu conseguia ficar por breves momentos em pé, até que viessem pessoas para me distrair, até que essas pessoas segurassem minhas mãos segurando a lança até que essas pessoas afundavam a ainda mais em meu peito, fazendo me sentir o frio, fazendo o sangue escorrer mais, fazendo  a dor me destruir de novo, e de novo e de novo.
Até que um dia prendendo a minha respiração, com as mãos na lança, o sangue escorrendo, as pernas bambas, me levantei, uma respiração, uma profunda respiração, puxei a lança para fora do meu peito, o que fez com que sangue e mais sangue saísse e escorresse por meu corpo que não tinha se ajoelhado, mas caído por inteiro no chão frio de tamanha dor que havia sentido puxando a lança que já estava profunda com o passar dos anos.
Eu poderia ter aguentado mais, mas estava de saco cheio.
Eu poderia fingir, me distraindo, mais sorrisos.
Mas eu sou apenas humano, que sangrava cada vez que pegavam minha mão, e a lança aprofundavam mais em meu peito. E eu me arrebentava, e eu me desmontava, e sangrava caindo. Pois sou apenas humano.